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OS HERDEIROS DO BARÃO DE PARAOPEBA VÃO FICAR DE POSSE DAS TERRAS DA ‘MOEDA’ E ‘QUELUZ’ - 1932

 

“É conhecida de todos os mineiros a questão secular das terras do “Caparaó”.

Há dezenas de lustros nos fóruns de Carangola, Belo Horizonte, e Rio vem herdeiros dos Capitães-Mores de Minas se degladiando para a posse legitima dessas terras, cujos primeiros títulos jurídicos se perdem nos arquivos empoeirados das velhas comarcas.

Questão idêntica surge agora em Congonhas do Campo. Trata-se da arrecadação das valiosas propriedades do Barão de Paraopeba. São dezenas de léguas margeante a bitola larga da Central do Brasil que os herdeiros do ilustre titular reclamam.

A propósito dessa demanda, o “Paiz” do Rio, entrevista o Sr. Carlos Monteiro de Barros, bisneto do barão, que move a ação de reivindicação.

O que disse o descendente do titular?

O Barão de Paraopeba, Coronel Romualdo José Monteiro de Barros, filho do Guarda-Mor geral das minas de Ouro Preto, Manuel José Monteiro de Barros – primeiro desse nome no Brasil – descendia pela linha materna das famílias nortistas dos Negreiros e Cunha Matos.

Homem de fortuna, dotado de grande cultura, militar, político, o Barão de Paraopeba exercia os mais altos cargos no governo da Província e na Corte, mais ainda sim, encontrou laseres para empregar a sua enorme atividade no desbravamento do solo mineiro e na creação da industria extrativa de ferro e de ouro.

A ele, em sociedade com dois irmãos, é devida a fundação da primeira fabrica de ferro, nas proximidades de Congonhas do Campo, em 1817, onde o minério era transformado em barras de ferro, e este forjado em utensílios úteis á lavoura e aos serviços de transporte.

Também explorou por muitos anos as jazidas de ouro do Morro de S. Antonio e do Vieiro, e a seguir a enorme jazida das Goiabeiras, por ele adquirida. Mas no desmoranamento das galerias sobreveio a morte do laborioso mineiro, e com essa morte, a partilha e abandono da propriedade por parte dos novos donos bem estabelecidos na Corte.

O abandono em que vivem essas terras é perfeitamente explicável pelo pouco valor que lhes era atribuído, por ocasião de ser processado aquele inventario e pela dificuldade de reunir posteriormente a enorme família que hoje tem direito a um quinhão na partilha.

Temos fé, no entretanto, que a facilidade que tivemos em obter a arrecadação judicial das Goiabeiras fará com que os ramos esparsos da enorme descendência do Barão de Paraopeba procurem agora apoiar a nossa iniciativa e, em um esforço comum nos ajudem a tomar posse da fortuna que o gênio de nosso antepassado reuniu quando a província de Minas apenas despertava do trabalho dos homens de sua têmpera.

As arrecadações agora feitas aproveitam a todos os herdeiros? Sim, como inventariante que sou de meus pais e também do Coronel Julio César Monteiro de Barros, me interesso especialmente pela arrecadação dos quinhões que tocam a dois filhos do Barão de Paraopeba, entretanto estando as propriedades pro-indiviso como ficou dito, trabalhando eu pela arrecadação desses quinhões, terei de reconhecer e separar as partes que tocarem aos outros filhos do Barão, na partilha julgada em 1856.

Assim, si em lugar de agir sozinho tiver auxilio dos meus parentes também interessados á arrecadação, ficaria bastante simplificada e pela nossa união venceríamos mais rapidamente.

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